
“Muitos chegaram ao limite da resiliência, desanimados e sufocados pela contundência cruel de um governo que não apenas abandonou as políticas públicas de formação de leitores desde 2016, mas que deliberadamente as sufocava, as destruía desde janeiro de 2019”, diz José Castilho, professor e consultor da pesquisa. Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, também falou da absoluta ausência do governo federal no apoio às políticas de incentivo à leitura. Para ele, a importância do levantamento é “mapear a potência e resiliência dessas instituições e, acima de tudo, descobrir como e por que elas continuam dando certo. Não podemos deixar o país se desinstitucionalizar”.
Os projetos correspondem a mais de 83 mil ações de leitura em todo o Brasil. Em sua maioria, as atividades são desenvolvidas por pessoas físicas, em um total de 42,15%, e por bibliotecas, 34,03%. Destes mediadores, 60,21% são professores; 53,14% contadores de histórias; 42,41% fazem mediação em eventos culturais, e 31,41% são bibliotecários. Quase a metade, 44,76%, atuam voluntariamente e 39% utilizam recursos próprios para levar adiante os seus projetos. Por um lado, 50,79% deles têm qualificação para a tarefa que desempenham, por outro, 9,42% não têm formação específica.
O uso da tecnologia digital, na opinião dos pesquisadores, teve impulso pela necessidade de superar o isolamento provocado pela pandemia de Covid-19. Quase 80% dos projetos recorrem a pelo menos uma mídia social. O WhatsApp apresenta grande popularização; é utilizado por 57% dos projetos e, entre esses, 30% desenvolvem totalmente suas ações na plataforma.
A região Sudeste concentra o maior número de projetos, 47, 81%. Os outros são assim distribuídos: Sul, 19,84%; Nordeste, 13,49%; Norte, 0,04%; e Centro-Oeste, com apena 3,7%.
Para discutir os resultados da pesquisa, debates estão programados para os dias 8 e 9 de março, no canal de YouTube do Itaú Cultural.